domingo, 30 de agosto de 2020

MÁXIMA DE SANTO INACIO DE LOYOLA - II

 II - Por mais esclarecidos que sejamos, nunca devemos julgar das coisas divinas por vistas humanas; mas devemos submeter sempre o nosso juízo aos princípios da fé e á autoridade da Igreja, não sendo justo que as coisas certas sejam reguladas pelas que são duvidosas, e sendo, ao contrário, razoável que as coisas duvidosas se decidam pelas que são certas.

 



sábado, 29 de agosto de 2020

MÁXIMA DE SANTO INÁCIO DE LOYOLA - PARA PROCEDER DOS CRISTÃOS EM GERAL

I - Os verdadeiros cristãos devem submeter-se às decisões da Igreja com simplicidade de criança. Para isto é preciso persuadir-se bem de que é o espírito de Nosso Senhor JESUS CRISTO que anima a Igreja sua esposa, e que o mesmo Deus que deu outrora os preceitos do Decálogo aos Israelitas governa hoje a sociedade dos fiéis.

 

    Bem longe de impugnar o que está em uso entre os católicos, devem-se ter sempre razões prontas para defendê-los contra os ímpios e libertinos.


 


sexta-feira, 28 de agosto de 2020

JESUS: Beber das águas da fonte do seu mistério

  1.  É Jesus mesmo que nos interpela: "Quem dizem os homem que eu sou? E vós, quem dizeis que eu sou?" (Mc 8, 27-30). Podemos nos situar junto àquele pequeno grupo de discípulos, numa parada a caminho de Cesaréia de Felipe, e deixar ressoar em nossos ouvidos essas perguntas de Jesus... Certamente, a nossa resposta será fruto de algo profundamente pessoal: a nossa própria experiência de encontro com ele.
  2. O nosso conhecimento de Jesus tem a sua fonte na convivência do primeiro grupo de discípulos com ele. Jesus "chamou a si os que Ele quis", "para que fossem seus companheiros e para enviá-los a pregar, com autoridade para expulsar os demônios" (Mc 3, 13-15). É na dinâmica do anúncio do reino de Deus que vem com poder pelas ações de Jesus que aqueles galileus são chamados a se inserir. Ao longo da convivência diária daquele grupo com Jesus, durante aproximadamente dois anos, foi surgindo uma grande interrogação acerca do mistério daquele homem.
  3. Jesus se mostra como alguém de atitudes totalmente novas e surpreendentes. Ele age com liberdade diante da sagrada lei do trabalho, colhendo espigas (Mc 2 23-28), curando pessoas (Mc 3, 1-6). Ele  não cumpre os rigorosos preceitos judaicos (Mc 2, 18-22; 7, 1-23). Fala com mulheres estrangeiras e desconhecidas  (Jo 4, 9; Mc 7, 24-30) e é acompanhado por um grupo de discípulos (Lc 8, 1-3). Posiciona-se livre e criticamente diante dos grandes de seu tempo (Lc 13, 31-33; Mt 23, 1-32; Jo 18, 19-23 . 19, 9-11), sem se identificar com nenhuma das facções político-religiosas de Israel. Acolhe e cura os marginalizados (Jo 9, 1-7; Lc 17, 11-14), anda em "más companhias" (Mt 9, 10-13). Assim não é de surpreender que até sua família tenha chegado a pensar: "Enlouqueceu" (Mc 3, 20-21)
  4. E sua imensa liberdade também se manifesta na sua relação com Deus. Para Jesus, Deus é o Abba, o Paizinho, o papai. Com o Abba, Jesus tem plena intimidade , e passa junto d´Ele horas em oração (Lc 6, 12). Tal proximidade, ele ensina seus discípulos a cultivar a vida de oração, ensinando-lhes a oração do Pai-Nosso (Mt 6, 7-15).
  5. Todo o posicionamento de Jesus diante dos conflitos na sociedade de seu tempo, seu anúncio corajoso do Reino, sua nova atitude em relação a Deus, desencadeou o processo que o levou à sua prisão, à Paixão e à Morte na Cruz. Essa foi uma profunda crise para o grupo dos discípulos. "Nós esperávamos que fosse ele quem iria libertar Israel" - disseram os de Emaús (Lc 24, 21). Todas as seuas esperanças esvaíram-se no escândalo da Cruz, a morte mais terrível, reservada para os piores criminosos.
  6. Mas o aturdimento e o medo diante da perseguição sucede uma experiência inesperada: a convicção de que "O Senhor ressurgiru e apareceu a Simão!" (Lc 24,34). A ressurreição brilhou como uma aurora que transformou completamente a vida dos discípulos. As vivências de encontro com o ressuscitado que se manifestou aos seus irmãos lhes trouxeram uma compreensão radicalmente nova acerca daquele homem com quem haviam convivido e lhes revestiram de força para enfrentar toda contradição oposição anunciando com destemor o Querigma: "Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras. Foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras" (1Cor 15,4). "Saiba toda a casa de Israel, com certeza: Deus constituiu Senhor e Cristo a esse Jesus que vós crucificastes" (At 2, 36). Sob essa nova luz, a Cruz se transforma em sinal de glória do Filho, que nela manifestou o seu AMOR até o fim (Jo 13, 1; 19, 30)
  7.  Assim, a comunidade realiza uma profunda releitura de toda a vida de Jesus. E compreende nela todas as suas promessas a Israel (Lc 24, 25-27). Os oráculos de Salvação de Isaías foram concretizados nele: em Jesus, "O Senhor Deus destruiu a morte para sempre" (Is 25, 8); por ele, foram abertos "os olhos dos cegos e os ouvidos dos surdos... " (Is 35,5). Na luz do Ressuscitado, o Senhor será para sempre a luzdo seu povo, será o seu esplendor (Is 60, 19). Os discípulos então veem a sua concepção de Reino de Deus ser ampliada para muito além da libertação sociopolítica de Israel: o Reino é "o Reino do Filho Amado, no qual temos a redenção e a remissão dos pecados" (Col 1, 13). É a vida em plenitude a que Jesus tantas vezes se refere no Evangelho de João (Jo 3, 16; 14, 6). E o Reino está profundamente relacionado à própria pessoa de Jesus.
  8. Enfim, depois da Páscoa, a comunidade passa a compreender bem mais acerca do mistério do próprio Jesus. E emprega títulos para expressar a grandeza daquele a quem o Pai ressuscitou: Ele é o Messias (Cristo), O Senhor, o Filho de Deus... "De muitas maneiras falou Deus outrora aos pais pelos profetas, nestes dias que são os últimos, falou-nos por meio de seu filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual fez o mundo" (Hb 1, 1-2). A comunidade de João vai até a origem de tudo e contempla no Filho a Palavra que existe desde sempre, voltada para o Pai (Jo 1,1). Em Jesus, Deus Pai se disse, manifestou-se aos seres humanos.
  9.  O Cristo ressuscitado não deixa a comunidade órfã: ele envia de junto do Pai, o Espírito Santo, o "espírito da verdade, que os conduzirá à verdade plena" (Jo 16, 13) É este mesmo Espírito que faz com que a comunidade recorde os ensinamentos de Jesus e tenha força e luz para responder sim a ele, que é o grande SIM do Pai a nós. Bebendo da fonte da vida de Jesus, somos conduzidos por ele ao mistério da vida da Trindade, fonte de vida plena para nós. 


Carta do Irmão José de Anchieta ao Padre Diogo Laínes


[...] "Quase sem cessar, andamos visitando várias povoações, assim de índios, como de portugueses, sem fazer caso de calmas, chuvas e grandes enchentes de rios, e muitas vezes de noite por bosques muito escuros socorremos aos enfermos, não sem grande trabalho, seja pela aspereza dos caminhos, como pela incomodidade do tempo, maxime sendo tantas estas povoações e tão distantes umas das outras, que nem nós bastamos acudir a tão variadas necessidade, como ocorrem, nem, ainda que fôssemos muitos mais, poderíamos bastar. A isso se ajunta que nós, que socorremos as necessidades dos outros, muitas vezes estamos mal dispostos e, fatigados de sofrimentos pelo caminho, de maneira que apenas o conseguimos levar a cabo. Deste modo não menos necessidade de ajuda parece terem os médicos, que os  enfermos. Mas nada é árduo aos que têm por fim somente a glória de Deus e asalvação das almas, pelas quais não duvidarão dar a vida". [...]

São José de Anchieta. Carta para o Padre Diogo Laínes. Escrita no ano de 1560. In Minhas cartas. p. 61 Editadas por ocasião dos 450 anos da fundação de São Paulo