quarta-feira, 27 de abril de 2016

Porque Deus lhe quer falar....


O silêncio de Deus.
  
As pessoas que mais falam são, geralmente, as que menos têm a dizer. 
(São João Maria Vianney)


Os monges, os eremitas e os místicos de todos os tempos e de todas as religiões sempre procuraram a Deus no silêncio, na solidão dos desertos, das florestas, das montanhas. O próprio Senhor Jesus viveu quarenta dias em absoluta solidão, passando longas horas num coração a coração com o Pai, no silêncio da noite. 


Nós somos chamados de forma incomensurável a retirar-nos a espaços para um silêncio mais profundo, para um isolamento com  Deus estar a sós com Ele, não com nossos livros, nossos aparelhos eletrônicos, os nossos pensamentos, as nossas recordações, mas num despojamento perfeito; a permanecer na sua presença – silenciosos, vazios, imóveis, expectantes.



Veja-se na natureza, a árvores, as flores e a erva dos campos crescem em silêncio, as estrelas, a lua, o sol movem-se em silêncio. O essencial não é o que possamos dizer, mas o que Deus nos diz e o que Ele diz aos outros através de nós. 

Ele escuta-nos no silêncio; no silêncio fala às nossas almas. No silêncio é-nos dado o privilégio de escutar Sua voz. Silêncio dos nossos olhos, silêncio dos nossos ouvidos, silêncio das nossas bocas, silêncio dos nossos espíritos. No silêncio do coração, Deus falará de maneira abissal.
O silêncio de Deus é um grande mistério que em parte é revelado aos contemplativos.


O grande místico e Doutor da Igreja São João da Cruz dizia: Para se progredir, o que mais se necessita é saber calar diante de Deus. A linguagem que ele melhor ouve é a do silêncio de amor. O silêncio é a ciência que faz o ser humano crescer na perfeição do conhecimento espiritual.

Pe. José Inácio do Vale

segunda-feira, 25 de abril de 2016

A mística da Juventude: Amar e ser amado.

A alegria de amar e ser amado.

     
     Penso em primeiro lugar na juventude. 

      Qual é a herança que passamos aos nossos jovens? 

      Há, sem dúvida, conquistas excelentes na tecnologia, na área da comunicação, nas descobertas do mistério da vida e a enumeração se estende em vários campos.
 
      Temos, no entanto, que reconhecer o detrimento causado na vivência dos princípios morais com uma série de desmandos que afetam a vida pessoal e familiar e a perda de referencial sobre o próprio sentido da vida humana.
 
       A consequência é conhecida. Quem de nós não percebe o crescimento da dependência alcoólica, do uso de drogas e da banalização do sexo? Criou-se, aos poucos, uma cultura permissiva que idolatra o prazer e se contenta de emoções fugazes.

        Há fatores que contribuem para essa situação, como a ambição do dinheiro, a falta de critérios em programas televisivos, o incentivo aos grandes espetáculos de massa que despersonalizam os jovens, induzindo comportamentos miméticos. 

        Nem podemos esquecer a desarticulação da sociedade que não consegue oferecer trabalho e condições de sobrevivência digna às novas gerações.

        Crescem a frustração e o vazio que se refletem em enormes grupos de jovens que se aglomeram nas praças, noites a dentro, curtindo em conjunto o passar das horas, envolvidos por gritos e sons estridentes que impedem até a conversa entre as pessoas e provocam um ambiente de nervosismo e desgaste psíquico e desequilíbrio.

       Tudo isso são fatos conhecidos e que necessitam a vontade de oferecer novos valores que respondam às expectativas mais profundas do ser humano. É certo que a organização da sociedade poderá facilitar quadros trabalho, opções de ocupação sadia das energias e do tempo.

        É preciso, porém, “alargar o horizonte” e repensar o nosso modo de viver. O mundo ficou marcado pelas injustiças, violência, ódio, segregação e perda da vontade de sobreviver. 

        A solução se encontra na redescoberta da transcendência do ser humano, da sua abertura a Deus e à felicidade que ultrapassa os engodos e miragens do quotidiano. Somos destinados à vida feliz que se identifica com a alegria da verdade, da adesão ao Bem e à superação do medo diante da morte. 
        

             É aqui que brilha a beleza da revelação cristã, afirmando o projeto divino da vitória sobre o pecado e a morte e a esperança da realização na plena comunhão entre nós e com Deus.


         Ao mesmo tempo em que se alarga o horizonte na confiança em Deus e na promessa da felicidade, surge, também, a valorização desta vida terrena que adquire todo seu sentido como a experiência fraterna da liberdade que supera o egoísmo e se abre para o dom de si.

         Nada realiza mais a pessoa humana do que a vivência da gratuidade do amor, aliada à certeza da eternidade feliz. Sem a esperança, não entendemos a existência terrena. 

         Mas, iluminados por este esperança encontramos a alegria de respeitar e amar a pessoa humana, de estreitar laços de amizade, de vencer discórdias e barreiras, de construir relações de solidariedade fraterna.

         Somente o horizonte de transcendência liberta dos apegos e amarras das bagatelas e dos fogos fátuos. 

         Como devolver aos milhões de jovens, a alegria de amar e ser amado?

         Esta é a melhor herança que podemos oferecer às novas gerações. 

         Nossos jovens merecem ser felizes.