O sentimento
sadio é vida para o corpo,
mas a inveja é
podridão para os ossos.
Prov 14, 30
Durante o
percurso de uma destas viagens para algumas destas longas reuniões que
inventamos, surgiu o assunto
espiritual dos nossos desejos e sentimentos. E, assim, constatamos que é
difícil dar nomes a eles e que seria interessante criar um dicionário de
sentimentos, ou seja: o que significa tristeza, saudade, desânimo, depressão,
exultação, euforia, alegria, etc.
O certo é que
estamos acostumados à exegese secularizante da nossa consciência e então,
interpretamos tudo sob os parâmetros de “euforia” e “desânimo”, “relaxado” ou
“tenso” etc., e deste diagnóstico se vai imediatamente à terapia da “distração”
ou do “comprimido sedativo, desconectante, sonífero”.
Aqueles que se
negam a fazer uma leitura religiosa de seu coração, é certo que nunca
compreenderão o discernimento espiritual.
Além de tudo
há um discernimento médico, fisiológico,
que pode diagnosticar com toda verdade “cólicas de fígado”; há outro
discernimento sociológico, que sem
negar o anterior, pode simultaneamente diagnosticar que o mesmo sujeito está
ainda desanimado por este ou aquele motivo; e há um Discernimento Espiritual que no mesmo sujeito, e sem
negar os anteriores diagnósticos, é claro, mas que brota das suas próprias
certezas, diagnostica que este próprio sujeito, hepático e desanimado, está além
disso, em desolação, do mau espírito.
Para
complicar, há alguns autores que, de um outro ponto de vista, temem a
consolação, e ainda mais, chegam a considerar conveniente que o sujeito se
mantenha em desolação... Nada mais alheio e contrário ao pensamento de Santo
Inácio a este respeito. A desolação, para Inácio, é tempo do mau espírito; e
sempre devemos nos empenhar, com todas nossas forças, em lutar contra ela, pois
é próprio do cristão viver consolado pelo Senhor.
Aqueles que
pensam que “desolação total, seja algo natural, coisas que vão e que vêm”, não
entenderam a grave deterioração que a desolação causa à aquele que não a
combate. No fundo, talvez, não tenha entendido a malícia da ação do inimigo da
natureza humana.
“O ladrão não
vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância”. (Jo.
10,10)