Evangelho segundo Lucas 1, 39-56
Maria acabara de receber a visita
do Anjo Gabriel. Era uma expectativa grande, na região, pelo nascimento do
Messias. Maria terá se perguntado: Será que eu sonhei? Será que eu estou
variando? Como faço para discernir se isto é de Deus ou não?
Na
anunciação o anjo dissera que minha prima, já velhinha estava grávida de seis
meses. Certamente ela está precisando de ajuda, la naqueles rincões montanhosos
de Judá. Vou la pra confirmar. Se ela está grávida, então minha experiência é
de Deus e ai fico para ajudá-la. Se não estiver, será apenas uma visita normal
e volto para minha rotina.
“Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha,
em direção a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.
Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seio. Isabel
ficou cheia do Espírito Santo e exclamou em alta voz: «Bendita és tu entre as
mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me é dado que venha ter
comigo a Mãe do meu Senhor? Na verdade, logo que chegou aos meus ouvidos a voz
da tua saudação, o menino exultou de alegria no meu seio. Bem Aventurada aquela
que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor».”
Nem
havia chegado direito e ela percebeu que tudo era de Deus. Quando Deus se
manifesta, tudo é muito claro. Não há delongas. A ação de Deus nas pessoas é
visível, é sensível. João Batista, o primeiro a se alegrar com a chegada do
Salvador, confirmou o discernimento de Maria. A alegria confirma o
discernimento.
Maria
nos ensina que, aquele que leva o Senhor dentro de si, é portador de Alegria, é
causa de alegria para os demais. Maria é portadora do Gaudio divino para
Isabel. Não foi nem preciso anunciarem: “Anuncio vobis Gaudio...” A alegria já
estava manifesta. Era o próprio autor da vida que enchia aquela antessala de
alegria.
No
entanto, para além das alegrias, isso mudava muita coisa. Maria não era casada.
Estava prometida a José. Doravante Maria seria o foco das atenções. Isso traria
muito incomodo, muita reviravolta na sua vida. E seus pais? E a sociedade? Hoje
vemos com outros olhos, mas naquele momento, o seu sim, pesou sobre seus
ombros... Que farei? Desistir? Fugir? Buscar minha segurança e meu comodismo?
Mas eu já disse sim ao Senhor....
Como
diz nosso sábio povo: “... eu me apeguei com Deus...” Foi o que Maria fez
naquele momento e certamente terá, apesar do peso da responsabilidade e da
seriedade dos acontecimentos, cantado o poder do Senhor, engrandecido os
desígnios do Todo Poderoso. Certamente ela saboreou toda a história de Israel e
os planos de Deus. E neste vislumbre cantou o conhecido Cântico de Ana:
Maria
disse então: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em
Deus, meu Salvador. Porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em
diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo Poderoso fez em mim
maravilhas, Santo é o seu nome. A sua misericórdia se estende de geração em
geração sobre aqueles que O temem. Manifestou o poder do seu braço e dispersou
os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Aos
famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel,
seu servo, lembrado da sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a
Abraão e à sua descendência para sempre». Maria ficou junto de Isabel cerca de
três meses e depois regressou a sua casa.
Nada de Fugir. Tudo posso naquele que me conforta! E, a
partir de então, Maria é a Teotokos.
Maria a Mãe do Nosso Senhor. Maria de Nazaré. Maria,
mãe da eterna alegria. Esse seu Cântico do "Magnificat" engrandecia a Deus e lhe dava forças para contar a José, para assumir seu papel no plano da Salvação.
Maria conhecia a força da oração. José Avisado em sonhos. Homem sonhador e corajoso. Eles trataram de continuar com o casamento e se tornaram a Sagrada Família.
Que nossas famílias sejam lugar de discernimento, lugar de oração e lugar da manifestação da doce alegria da salvação.